Maria Júlia
Marques
Do UOL, Em São Paulo
Do UOL, Em São Paulo
A gripe H1N1 já se
espalha por mais de dez Estados do país neste ano. O alto número de infectados antes
mesmo do inverno assustou famílias de todo o Brasil e deu início a uma corrida
por vacinas, remédios e muito álcool em gel para tentar evitar a doença.
Todo o receio com a gripe
A começou em 2009, quando o vírus apareceu pela primeira vez e pouco se sabia
sobre ele. Nesta época, a doença se espalhou pelo mundo rapidamente e infectou
mais de 50 mil pessoas, causando cerca de 2.000 mortes.
Após sete anos, médicos
afirmam que não é preciso entrar em pânico, uma vez que a ciência conseguiu
estudar a influenza A e criar remédios e vacinas para tentar controlar a
doença. "Desde sua
primeira aparição estamos observando o H1N1, agora temos boas armas para
prevenir o contágio, tratar e combater o vírus. É preciso manter a calma e
seguir o tratamento", afirma Francisco Mazon, pneumologista da Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e professor da Faculdade de Medicina da
USP (Universidade de São Paulo).
Entenda a gripe A e se proteja contra o vírus
O que é a gripe H1N1?
A gripe H1N1 é uma doença respiratória
aguda e é diferente de uma gripe comum por ser causada por um subtipo distinto
do vírus influenza. "Fundamentalmente temos duas famílias do vírus
influenza: a família A, que conta com a H1N1 e a H3N2, por exemplo, e a B, que
é a gripe mais comum, mas basicamente são gripes", diz Mazon.
Os sintomas são diferentes da gripe
comum?
Na verdade, os sintomas da H1N1 são iguais aos das
gripes que estamos acostumados: dor no corpo, fraqueza, mal-estar, febre alta,
tosse, espirros e dor de cabeça. O que acontece é que os sintomas podem ser
mais fortes que os de uma gripe corriqueira, e os pacientes costumam sentir
falta de ar e dificuldades respiratórias.
Como se pega o H1N1?
Para pegar o vírus é preciso entrar em contato com a
saliva ou secreções respiratórias de uma pessoa infectada. Geralmente, a
contaminação se dá quando doentes espirram ou tossem. "As gotículas,
repletas de partículas infectantes, podem cair sobre superfícies e objetos,
onde o vírus pode ficar ativo por dez horas", afirma Carolina Lázari,
infectologista do Fleury Medicina e Saúde. Quem tocar locais contaminados e em
seguida levar as mãos ao nariz, boca ou olhos pode ficar doente.
Se estiver doente, quando posso
transmitir o H1N1?
O vírus da gripe A pode ficar no organismo até dez
dias após o início da infecção. O pico da transmissão, contudo, acontece nos
primeiros cinco dias de sintomas. Após a fase mais forte, o vírus estará em
pequenas quantidades e as chances de transmissão chegam a quase zero, de acordo
com o pneumologista Francisco Mazon.
Quem corre mais riscos com a doença?
O Ministério da Saúde selecionou o público-alvo da
doença, que inclui: crianças de até 5 anos, grávidas, índios, idosos,
trabalhadores da saúde e portadores de doenças crônicas. Esses grupos são os
mais sensíveis ao vírus e podem ter complicações caso sejam infectados. Por
isso, as campanhas de saúde priorizam esses pacientes.
Quando preciso ir ao hospital?
Se você está no grupo de risco deve procurar um
médico. Se não, o médico é apenas indicado caso os sintomas sejam muito
intensos ou se o paciente tiver falta de ar --por risco de pneumonia. "Uma
pessoa jovem, saudável, com quadro febril de 38,5°C, dor de cabeça, tosse ou
espirros, não precisa procurar o médico, pode tratar como uma gripe. Caso o
mal-estar fique intolerável, a febre seja de quase 40°C, é preciso ver um
médico", diz Nancy Bellei, infectologista da Unifesp.
Existe um teste para comprovar que
estou com gripe A?
"Existem
dois testes, ambos realizados em secreção respiratória. Um é o chamado teste
rápido, que costuma ficar pronto em uma hora e detecta a presença de influenza
A ou B, sem definir se de fato é o H1N1, e outro que demora em torno de 3 a 5
dias, por PCR, que define se realmente é a gripe A", diz Rosana Richtmann,
médica infectologista do Hospital e Maternidade Santa Joana.
Preciso fazer o teste?
Não.
Para os médicos, o entendimento é que vivemos um momento de surto do vírus
H1N1, então, se um paciente apresentar um quadro clínico que se encaixa no da
gripe A será tratado para combatê-lo. "Mesmo se não for o H1N1, os
remédios são feitos para controlar e combater o influenza, seja ele do tipo A
ou B", explica Nancy.
Como é o tratamento?
Os pacientes do grupo de risco, como grávidas,
crianças e idosos, devem tomar o Tamiflu (oseltamivir). Normalmente é preciso
tomar a cada 12h por cinco dias, mas o período pode se estender por dez dias.
Mas não é todo doente que precisa deste remédio. "Para os que estão fora
do público-alvo e não correm riscos de complicações, o H1N1 pode ser tratado
com remédios analgésicos, anti-inflamatórios e até xaropes, se o paciente tiver
tosse", afirma Mazon.
É preciso usar máscaras
descartáveis?
Não é uma regra. Se um doente usar máscara, ele
impede que o vírus se espalhe pelo ambiente e contamine outra pessoa, mas esse
cuidado também é evitado se a pessoa tossir ou espirrar com a mão em frente a
boca e nariz. "As máscaras comuns perdem rapidamente o poder de filtração
e, para serem eficazes, precisariam ser descartadas e substituídas a cada 4 horas", explica Carolina Lázari.
Como posso me prevenir?
As medidas mais importantes são a higienização das
mãos com frequência, com água e sabão ou álcool em gel. Além disso, é
recomendável manter os ambientes arejados, ventilados e limpos, e evitar locais
fechados ou com grande número de pessoas. Comer bem, se hidratar e praticar
atividades físicas também ajudam a manter o corpo saudável.
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