A
audiência avalia as condições em que o réu foi preso, se os direitos e
garantias foram respeitados
Uma audiência de custódia em que o juiz determinou a liberdade
provisória com recolhimento domiciliar de um casal preso por tráfico de drogas
e outra em que autorizou o relaxamento da prisão de um homem acusado de
violência doméstica foram assistidas por juízes de todo o estado, durante o
workshop Audiência de Custódia, na manhã desta segunda-feira (11), no auditório
do Tribunal de Justiça da Bahia, em Salvador.
Cerca de 200 juízes participaram, presencialmente, da capacitação, das 8 às 12 horas, promovida pela Universidade Corporativa (Unicorp) do Tribunal de Justiça da Bahia, em parceria conjunta com a Corregedoria Geral da Justiça e a Corregedoria das Comarcas do Interior, em uma iniciativa que atende a determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O workshop
também foi transmitido pelo canal do YouTube do Tribunal de Justiça da Bahia,
com mais de 600 acessos.
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A audiência
de custódia consiste na apresentação do preso, em até 24 horas, a um juiz nos
casos de prisões em flagrante. Na audiência, são ouvidos o preso, os
representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública ou o advogado,
decidindo sobre a liberdade ou a permanência da pessoa presa.
O
Judiciário baiano é pioneiro no modelo que deu origem às audiências de
custódia, assentado no núcleo de prisão em flagrante, criado em 2103. A
capacitação dos magistrados, de todas as competências, tem por objetivo
apresentar conceitos básicos e discutir os procedimentos normativos das audiências.
Na abertura
do workshop, o juiz Antônio Alberto Faiçal, coordenador do Grupo de
Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, destacou que a audiência de
custódia “não é, ainda, um instituto jurídico maduro”, e que está em
construção. “Quase não há doutrinas, há poucas manifestações jurisprudenciais;
a doutrina ainda está sendo construída, e precisamos construir em conjunto”,
disse.
Na aula
dialogada dirigida aos magistrados, o juiz disse que por ser um instituto novo,
as audiências acabam sendo alvo de reações adversas. “Mas é bom esclarecer:
audiência de custódia não é para soltar bandidos, nem para punir policial”.
Na
avaliação do juiz, as audiências são uma forma mais humana de perceber a
realidade de cada caso a ser julgado. “A possibilidade de sentar o preso à
frente, para ser ouvido, só faz melhorar a qualidade das decisões, e quem pensa
que basta chegar com uma ou outra mentira, para de lá sair logo, está enganado.
Não é assim que funciona”.
Lembrou que
se do ponto de vista conceitual o trabalho de construção e de esclarecimento é
fácil, o mesmo não ocorre com o operacional. “Se temos um ambiente propício na
capital para realizar as audiências perfeitamente, se já temos maturidade, em
alguns lugares, e não é falta de privilégio da Bahia, a materialização, a
logística para a realização é complicada”, disse.
O juiz
Moacyr Pitta Lima Filho, um dos idealizadores das audiências de custódia, disse
que esse novo instituto quebrou rito, embora com muita resistência. “Prenda o
sujeito, se for preciso, mas dê-lhe oportunidade de falar; a audiência de
custódia dá ao indivíduo a oportunidade de dar sua versão dos fatos”, defendeu,
acrescentando que essas audiências são muito importantes nos casos de violência
doméstica.
Em
Salvador, essa modalidade de audiência é realizada de segunda a sexta-feira,
das 8 às 18 horas, no Núcleo de Prisão em Flagrante e Audiência de Custódia. A
partir do próximo dia 30, passa a ser feita também nos finais de semana, no
plantão de Primeiro Grau, no expediente diurno, aos sábados, domingos e
feriados, em cumprimento à determinação da Resolução nº 213/15, do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).
Garantias
A introdução e contextualização do workshop na manhã desta segunda-feira foram feitas pela juíza Liz Rezende, que anunciou a mesa condutora dos trabalhos, composta do corregedor geral da Justiça, desembargador Osvaldo de Almeida Bomfim e da corregedora das Comarcas do Interior, desembargadora Cynthia Maria Pina Resende.
A introdução e contextualização do workshop na manhã desta segunda-feira foram feitas pela juíza Liz Rezende, que anunciou a mesa condutora dos trabalhos, composta do corregedor geral da Justiça, desembargador Osvaldo de Almeida Bomfim e da corregedora das Comarcas do Interior, desembargadora Cynthia Maria Pina Resende.
As duas
audiências de custódia foram conduzidas pelo juiz Raymundo Dória, com
participação de representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública do
Estado.
Na primeira
audiência, o casal José Eduardo Constantino Pereira e Diana Silva Vasconcelos,
presos em flagrante, sob acusação de tráfico de drogas, teve o flagrante
homologado pelo juiz, que acatou o pedido do Ministério Público e decretou
prisão provisória, com recolhimento domiciliar.
Na segunda
audiência, Juraci da Silva Figueiredo, acusado de violência doméstica, teve a
prisão relaxada pelo juiz, também a pedido do Ministério Público, mas não se
livrou das medidas cautelares, que o proíbem de se aproximar ou de manter
contato com a vítima.
Nos dois
casos, a audiência de custódia teve a função de avaliar as condições em que os
réus foram presos, se houve irregularidade, se os direitos e garantias foram
respeitados.
O objetivo
não é apurar se houve culpa ou não; os auto de prisão em ambas as situações
terão prosseguimento, para julgamento na sequência, mas o que se evitou foi a
prisão em cela, até que os casos sejam julgados nas varas específicas, no caso,
a de Tóxicos e a de Violência Doméstica.
Texto:
Ascom TJBA / Foto: Nei Pinto
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