As jovens alunas do 3º ano do Ensino
Médio na Rede Estadual, Beatriz Pereira, 17 anos, e Thayná Almeida, 16, foram
recebidas na tarde desta terça-feira (26) pelo governador Rui Costa, na
Governadoria, no CAB. No início de maio, elas se destacaram na International
Science and Engineering Fair (Intel Isef), nos Estados Unidos, onde
apresentaram um projeto sobre a identidade negra e quilombola no município de
Antônio Cardoso, no centro norte do estado.
Rui parabenizou as alunas e
incentivou a continuidade dos estudos como forma de inspirar outros jovens e
toda a sociedade na melhoria da educação na Bahia. “Espero que o exemplo delas
possa se multiplicar e contagiar os milhares e milhares de alunos da rede
estadual, desejando que todos possam abraçar o Pacto pela Educação e convidar
todos os professores, diretores [e] a família a se envolver”.
Dos 50 finalistas, o trabalho de
Beatriz e Thayná foi um dos seis que receberam a distinção da Organização dos
Estados Americanos (OEA) pela contribuição para o desenvolvimento regional da
comunidade local.
Estímulo das famílias
Moradora da comunidade quilombola de
Paus Altos, na zona rural de Antônio Cardoso, Thayná é de uma família que
sempre a estimulou a estudar. Além dos pais, que só fizeram ensino fundamental,
ela credita à avó paterna e aos tios professores o apoio necessário para
desenvolver o projeto. Prestes a concluir o ensino médio, a estudante afirma
que deseja cursar Direito e seguir atuando em causas sociais.
“Eu quero ser advogada porque o
município de Antônio Cardoso não é desenvolvido. Estudando e retornando para
realizar todo o meu trabalho de pesquisa, vou ajudar no desenvolvimento do
município e no fortalecimento da identidade negra”, planeja a jovem.
Filha de pai vigilante e mãe
funcionária de restaurante, Beatriz também teve no núcleo familiar o maior
incentivo para realizar um trabalho, reconhecido internacionalmente, que
transforma a realidade da própria comunidade. O próximo objetivo é ingressar
numa faculdade de Medicina. “Eu não teria chegado aonde cheguei, sem o apoio da
minha família, e podemos dizer que estamos mudando a visão das pessoas no nosso
município”.
Identidade negra
Um dos principais resultados obtidos
através do projeto, desenvolvido no Colégio Estadual Antônio Carlos Magalhães,
foi o maior reconhecimento da identidade negra entre os jovens do município
considerado o mais negro do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), e que possui sete comunidades remanescentes de quilombos.
Orientadora de Beatriz e Thayná, a
professora de Geografia Patrícia Peixoto destaca o efeito do trabalho nas
meninas entre os colegas da Rede Estadual de Ensino. “O projeto despertou o
interesse por novas perspectivas, o sonho de ter uma realidade diferenciada, de
se tornarem autônomos e conquistar o espaço desejado por eles”.
Antes de apresentarem a pesquisa, em
Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, as alunas foram classificadas, na feira
de ciências da unidade escolar, e depois representaram a Bahia na Feira
Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace), por meio dos programas Ciência na
Escola e Feira de Ciências e Matemática da Bahia. Agora as estudantes querem
ampliar os contatos com outras comunidades quilombolas e registrar o material
em videodocumentário.
Fotos: Carol Garcia /GOVBASecom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da
Bahia
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