O
Ministério Público estadual, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate
às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), deflagrou na
manhã de hoje (18), em parcerias com a Controladoria-Geral da União (CGU),
Receita Federal do Brasil (RFB) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma
operação para desarticular uma organização criminosa responsável por desviar
milhões de reais da saúde pública do município de Feira de Santana, na Bahia. A
operação, denominada “Pityocampa", é resultado de uma investigação
iniciada em 2016 pela Promotoria de Justiça do município, com o apoio do Gaeco.
De acordo
com os promotores de Justiça responsáveis pela investigação, que também contou
com o apoio da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e
do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção à Moralidade
Administrativa (Caopam), foi constatado que a Coofsaúde, cooperativa que
fornecia mão de obra na área da saúde, recebeu, entre 2007 e 2018, quase um R$
1 bilhão proveniente de contratos celebrados com diversos municípios baianos e
com o Governo do Estado.
Durante a
fiscalização realizada pela CGU no município de Feira de Santana foram
identificadas diversas irregularidades nos processos de contratação da
Coofsaúde, como a ausência de projeto básico ou termo de referência, vícios nas
cotações de preços para definição do orçamento de referência, cláusulas restritivas
no edital e irregularidades na própria condução dos certames, com favorecimento
para a Cooperativa investigada. Além disso, foi constatada a falta de controle
sobre os pagamentos realizados, o que permitiu a ocorrência de
superfaturamento.
Nas
investigações do Gaeco da Bahia, verificou-se também fraude nas escalas de
plantão de profissionais como médicos, odontólogos e enfermeiros, gerando
excedentes financeiros que eram repassados aos integrantes da organização
criminosa depois de passar por mecanismo de lavagem de dinheiro, envolvendo
transações para “laranjas” e empresas de fechada.
Tais
práticas geraram para a Administração Municipal de Feira de Santana, entre 2016
e 2017, um prejuízo de aproximadamente 24 milhões de reais.
A
estimativa inicial do total de recursos desviados por meio desse esquema supera
o montante de R$100 milhões, nos últimos três anos, uma vez que a Cooperativa
vinha atuando em vários municípios baianos.
Os 23
mandados de busca e apreensão e 10 de prisão temporária foram expedidos pela
Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organizações Criminosas e
Lavagem de Dinheiro de Salvador contra os profissionais de saúde, empresários e
agentes públicos envolvidos no esquema. Também foram cumpridos mandados em
Aracaju, São Paulo e Fortaleza, estes com apoio dos Gaecos de Sergipe, São
Paulo e Ceará.
Participaram
da ação de hoje 21 promotores de Justiça de diversos municípios baianos, 19
auditores federais de finanças e controle da CGU, 21 auditores fiscais da
Receita Federal do Brasil e nove analistas tributários da Receita Federal do
Brasil, além de 122 policiais rodoviários federais.
O nome da
Operação “Pityocampa" refere-se à lagarta Thaumetopoea Pityocampa, também
conhecida como lagarta do pinheiro, que corrompe os pinhais, plantação que
simboliza o cooperativismo.
A coletiva de imprensa será concedida às 14h, na sede da Promotoria de Feira de Santana, localizada à Rua Miranda, n 655, Mangabeira.
A coletiva de imprensa será concedida às 14h, na sede da Promotoria de Feira de Santana, localizada à Rua Miranda, n 655, Mangabeira.
(Fonte: MPE) Bahianapolitica
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