A primeira compra coletiva realizada pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste) vai gerar uma economia de quase R$ 50 milhões para a região. A informação foi divulgada pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, após reunião com representantes dos nove estados nordestinos no Palácio do Campo das Princesas, em Recife, nesta quarta-feira (6). O governador em exercício da Bahia, João Leão, participou da reunião.
A licitação conjunta para a compra de remédios envolveu a aquisição de 10 itens componentes especializados da assistência farmacêutica. O edital previa o investimento de R$ 133 milhões na aquisição dos medicamentos, mas a empresa vencedora do certame apresentou uma proposta final no valor de R$ 118 milhões. Os preços praticados pelos Estados antes do Consórcio Nordeste poderiam chegar aos R$ 166 milhões.
Os medicamentos são
fórmulas restritas para uso exclusivo na rede pública e vão abastecer farmácias
de hospitais, ambulatórios e postos de saúde, que atendem uma população de mais
de 57 milhões de nordestinos.
Esse foi o primeiro
encontro do Consórcio após o desastre ambiental que atingiu o litoral
nordestino, com o derramamento de óleo nas praias. Além desses temas, outras
agendas de interesse comum foram tratadas, como a universalização do saneamento
básico, a destinação de resíduos sólidos e ações de integração entre os
integrantes do colegiado. Na reunião desta quarta também foi distribuída a
Carta do Recife, relacionando os assuntos discutidos pelos governadores
presentes.
Estiveram presentes ainda
os governadores Renan Filho (Alagoas), Camilo Santana (Ceará), João Azevêdo
(Paraíba), Wellington Dias (Piauí), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e
Belivaldo Chagas (Sergipe), além do vice-governador Carlos Brandão (Maranhão).
Fotos: Heudes Regis/GovernoPE-Secom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da
Bahia
CARTA DO RECIFE
Recife, 06 de novembro de 2019.
Reunidos em Recife – PE, os governadores dos nove Estados do Nordeste
Brasileiro, no âmbito do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável
do Nordeste, expõem, nesta carta, o que segue: 1. Os Governadores, assim como já
exposto na nota “Manchas de óleo nos convocam à ação: O Brasil não pode esperar
mais!”, publicada por este mesmo Consórcio em 30 de outubro, continuam a
manifestar sua preocupação à falta de celeridade no processo de combate e
contenção às manchas de óleo por parte do Governo Federal, tendo em vista que o
Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por óleo ainda não
foi colocado, na sua concretude, em prática. 2. Os governadores dos Estados,
cobram, mais uma vez, a atuação integrada e obstinada do Governo Federal na
resolução desse gravíssimo crime ambiental. Não obstante a isso, os Estados
trabalham de forma conjunta, compartilhando informações entre si para que haja
uma coordenação das ações, efetivo conhecimento dos impactos ambientais e sociais,
busca e disponibilidade de auxílios, além de se articularem com universidades a
fim de manter um processo contínuo de avaliação dos efeitos dessas tragédias
com investimento e pesquisa e desenho de estratégias para mitigação. 3. Em
relação a aprovação do marco do saneamento básico em Comissão Especial,
entendemos que deve haver um aprofundamento nessa pauta, já que o tópico versa
sobre as parcerias privadas de setores essenciais para a população e que lidam
diretamente com a saúde pública. Os Governadores manifestam receio com o texto
que foi aprovado, defendendo que não pode ser deixado exclusivamente para a
iniciativa privada o direito de exploração desse serviço pelo risco de
inviabilidade de fornecimento em municípios de menor porte, devendo ser mantida
a possibilidade de existência dos contratos de programa como alternativa, sem
prejuízos das Parcerias Público Privadas (PPP). 4. O Consórcio Nordeste tem a
sustentabilidade como premissa e missão. Para levar isso a cabo, decidiu pela
criação de Grupo de Trabalho para tratar da questão da destinação dos resíduos
sólidos, procurando-se gerar uma troca de experiências, adoção de protocolos
comuns, modelagem de negócios e ambiente regulatório e partilha de boas
práticas já em andamento nos Estados. 5. Assim, os Estados do Nordeste
trabalharão conjuntamente para criar condições para que os Estados possam fazer
compensação da emissão de carbono pela administração pública direta e indireta.
6. Considerando a necessidade de adoção de políticas efetivas e de urgência com
relação à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, reafirmamos
compromisso com o Acordo de Paris e os objetivos de Desenvolvimento Sustentável
do Milênio, assim como colocar a pauta da sustentabilidade como agenda
prioritária dos Estados do Nordeste. 7. Relativamente à PEC de mudança do Pacto
Federativo, destacamos que, infelizmente, o Governo Federal insiste no modelo
de tratar questões fundamentais ao País sem estabelecer minimamente discussão
prévia tão salutar na construção dos consensos necessários ao nosso País.
Destacamos ainda que, ao mesmo tempo que vislumbramos nas ações propostas
algumas que nos parecem importantes, também nos preocupa àquelas que apontam
para o aumento das desigualdades sociais através da redução do serviço público
prestado às parcelas mais vulneráveis e à destinação dos recursos existentes
dos fundos. 8. Destacamos, ainda, que a conclusão da primeira licitação na área
de saúde, em curso, planejada e organizada por meio do Consórcio Nordeste,
aponta para uma economia de aproximadamente 30% nos valores obtidos, gerando
uma economia de R$ 48,8 milhões. A união entre os nove Estados, discutindo
preços e aumentando o poder de negociação da Região Nordeste viabilizará a
economia alcançada nessa primeira licitação. Esse volume de medicamentos vai
abastecer farmácias de hospitais, ambulatórios e postos de saúde que vão
atender a uma população de mais de 57 milhões de nordestinos. Outras licitações
envolvendo setores da Saúde, Educação e Segurança estão em elaboração, devendo
ser lançadas nos próximos meses. 9. A segurança pública no Brasil e no Nordeste
é um tema de permanente preocupação. Não à toa, o Nordeste é a região do Brasil
onde houve maior redução dos índices de violência nos últimos anos. Os
governadores decidem adotar estratégias contínuas de monitoramento e
implementação de ações conjuntas para que tais índices continuem sendo
reduzidos. _______________________________ ESTADO DE ALAGOAS JOSÉ RENAN
VASCONCELOS CALHEIROS FILHO _______________________________ ESTADO DA BAHIA
JOÃO FELIPE DE SOUZA LEÃO _______________________________ ESTADO DO CEARÁ
CAMILO SOBREIRA DE SANTANA _______________________________ ESTADO DO MARANHÃO
CARLOS ORLEANS BRANDÃO JÚNIOR _______________________________ ESTADO DA PARAÍBA
JOÃO AZEVEDO LINS FILHO _______________________________ ESTADO DE PERNAMBUCO
PAULO HENRIQUE SARAIVA CÂMARA ______________________________ ESTADO DO PIAUÍ
JOSÉ WELLINGTON BARROSO DE ARAÚJO DIAS _____________________________ ESTADO DO
RIO GRANDE DO NORTE MARIA DE FÁTIMA BEZERRA _____________________________
ESTADO DE SERGIPE BELIVALDO CHAGAS SILVA
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