terça-feira, 15 de março de 2016

Contra o revanchismo e a favor da democracia

Josias Gomes
As manifestações de hoje pelo país seguem o mesmo roteiro de sempre: uma população nas ruas, basicamente composta por gente de classe média alta para cima, com a participação de políticos de oposição, todos eles interessados em assumir o governo sem que para isso tenham vencido, democraticamente, a última eleição.

Conforme já avalia grande parte dos especialistas, mesmo que composta por um extrato social de maior poder aquisitivo, bem além de contestar o governo da presidenta Dilma Rousseff, há sinais bastante evidentes de que o que existe no país, hoje, é o esgotamento de um sistema político que deseja ser mantido pela esmagadora maioria dos políticos presentes aos atos.
Há muito tempo que o PT busca, no Congresso Nacional, mudar o sistema político atual de conformidade com os interesses da população. Proposta de plebiscito, com esse objetivo, já foi apresentada pelo deputados e senadores do partido, mas, prontamente rechaçada pelos oposicionistas, que desejam que tudo fique exatamente como se encontra.
Voltando à composição social dos atos promovidos neste domingo, 13 – que, em São Paulo, teve o apoio aberto do governo do Estado, com a proibição explícita de qualquer outro tipo de manifestação –,  viralizou na Internet a foto e o vídeo de um rico casal carioca se encaminhando para os “protestos”, sendo seguido por uma empregada doméstica, preta e pobre, conduzindo o carrinho com os bebês dos dois.
É desse forma que a população mais pobre vai a manifestações desse tipo, servindo, em um dia de domingo, de serviçal aos seus senhores. Os pobres desse país sabem muito bem a profunda divisão social que existia até o governo do PT começar a mudar a situação, a partir de 2003, quando o ex-presidente Lula assumiu o governo pela primeira vez.
O que deseja, mesmo, a maioria dos políticos de oposição que estiveram misturados aos atos de protestos desse domingo é o assalto ao poder. Aliás, convém anotar que muitos desses políticos foram vaiados, em plena rua, a exemplo de Alckmin, Aécio, Marta Suplicy (chamada de ‘vira casaca’), e, aqui na Bahia, José Carlos Aleluia.
Importa também considerar a intolerância que caracteriza esses atos, cercados de ódio e atitudes violentas. Em São Paulo, a polícia de Alckmin, interrompeu uma reunião sindical de apoio a Lula, numa atitude que fere os mais sagrados princípios democráticos de direito à reunião conquistados pelos trabalhadores.
Também a sede da União Nacional dos Estudantes, entidade emblemática na história das lutas democráticas em nosso país, foi alvo da ação de oposicionistas carregados de ódio, que investiram, com o uso de vandalismo, contra a sede da entidade mais representativa dos estudantes brasileiros.
Não, não é por aí que esses oposicionistas vão atender a legítimos anseios da população por aperfeiçoamentos democráticos, usando de atitudes que ferem frontalmente a democracia. Imagine o que poderia fazer essa turma com o poder nas mãos, de volta! O que seria da incipiente democracia brasileira, então!?
Da mesma forma como sempre agimos em toda a nossa vida política, nós, que fazemos o Partido dos Trabalhadores vamos continuar vigilantes em defesa da democracia e do respeito a um governo que conquistou, nas urnas, o direito de governar o país. Entendendo que se há melhorias de gestão a fazer, que isso seja feito através da união, e, não, da divisão do país.
Esse dia 13 de março de 2016 vai ficar na história, sim. Mas, como um dia para ser lembrado por seus aspectos de lição para a democracia, que jamais poderá ser exercida por quem prega o ódio e investe contra direitos constitucionais absolutamente sagrados e conquistados nas mais sangrentas lutas contra o autoritarismo, no país.


Nenhum comentário:

Postar um comentário