Josias Gomes
As manifestações de hoje pelo país seguem o mesmo
roteiro de sempre: uma população nas ruas, basicamente composta por gente de
classe média alta para cima, com a participação de políticos de oposição, todos
eles interessados em assumir o governo sem que para isso tenham vencido,
democraticamente, a última eleição.
Conforme já avalia grande parte dos especialistas,
mesmo que composta por um extrato social de maior poder aquisitivo, bem além de
contestar o governo da presidenta Dilma Rousseff, há sinais bastante evidentes
de que o que existe no país, hoje, é o esgotamento de um sistema político que
deseja ser mantido pela esmagadora maioria dos políticos presentes aos atos.
Há muito tempo que o PT busca, no Congresso
Nacional, mudar o sistema político atual de conformidade com os interesses da
população. Proposta de plebiscito, com esse objetivo, já foi apresentada pelo
deputados e senadores do partido, mas, prontamente rechaçada pelos oposicionistas,
que desejam que tudo fique exatamente como se encontra.
Voltando à composição social dos atos promovidos
neste domingo, 13 – que, em São Paulo, teve o apoio aberto do governo do
Estado, com a proibição explícita de qualquer outro tipo de manifestação –,
viralizou na Internet a foto e o vídeo de um rico casal carioca se encaminhando
para os “protestos”, sendo seguido por uma empregada doméstica, preta e pobre,
conduzindo o carrinho com os bebês dos dois.
É desse forma que a população mais pobre vai a manifestações
desse tipo, servindo, em um dia de domingo, de serviçal aos seus senhores. Os
pobres desse país sabem muito bem a profunda divisão social que existia até o
governo do PT começar a mudar a situação, a partir de 2003, quando o
ex-presidente Lula assumiu o governo pela primeira vez.
O que deseja, mesmo, a maioria dos políticos de
oposição que estiveram misturados aos atos de protestos desse domingo é o
assalto ao poder. Aliás, convém anotar que muitos desses políticos foram
vaiados, em plena rua, a exemplo de Alckmin, Aécio, Marta Suplicy (chamada de
‘vira casaca’), e, aqui na Bahia, José Carlos Aleluia.
Importa também considerar a intolerância que
caracteriza esses atos, cercados de ódio e atitudes violentas. Em São Paulo, a
polícia de Alckmin, interrompeu uma reunião sindical de apoio a Lula, numa
atitude que fere os mais sagrados princípios democráticos de direito à reunião
conquistados pelos trabalhadores.
Também a sede da União Nacional dos Estudantes,
entidade emblemática na história das lutas democráticas em nosso país, foi alvo
da ação de oposicionistas carregados de ódio, que investiram, com o uso de
vandalismo, contra a sede da entidade mais representativa dos estudantes
brasileiros.
Não, não é por aí que esses oposicionistas vão
atender a legítimos anseios da população por aperfeiçoamentos democráticos,
usando de atitudes que ferem frontalmente a democracia. Imagine o que poderia
fazer essa turma com o poder nas mãos, de volta! O que seria da incipiente
democracia brasileira, então!?
Da mesma forma como sempre agimos em toda a nossa
vida política, nós, que fazemos o Partido dos Trabalhadores vamos continuar
vigilantes em defesa da democracia e do respeito a um governo que conquistou,
nas urnas, o direito de governar o país. Entendendo que se há melhorias de
gestão a fazer, que isso seja feito através da união, e, não, da divisão do
país.
Esse dia 13 de março de 2016 vai ficar na história,
sim. Mas, como um dia para ser lembrado por seus aspectos de lição para a
democracia, que jamais poderá ser exercida por quem prega o ódio e investe
contra direitos constitucionais absolutamente sagrados e conquistados nas mais
sangrentas lutas contra o autoritarismo, no país.
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