Marcos Valério, apontado como operador
do mensalão do PT, foi preso na manhã desta sexta-feira (2), em Belo Horizonte
(MG), em cumprimento de mandados expedidos pela Justiça da Bahia.
De acordo com a Polícia Civil, além
dele, ao menos outras 14 pessoas tinham sido detidas até por volta das 8h30
desta manhã. Os pedidos de prisão apontam envolvimento dos suspeitos na
"aquisição de 'papéis públicos', para a 'grilagem' de terras, ocorrida no
município de São Desidério, Oeste da Bahia.
O advogado Marcelo Leonardo, um dos
defensores de Marcos Valério, disse que, até pouco antes das 9h, não tinha
conhecimento do teor da acusação, mas acreditava que a prisão é ilegal.
Batizada de "Operação Terra do
Nunca", a ação é realizada em três estados e tem como meta cumprir 23
mandados de prisão preventiva. A investigação da Polícia Civil foi
iniciada após reportagem veiculada no Jornal Nacional em 1º de julho de
2005.
As investigações comandadas pelo
delegado Carlos Ferro apontam o envolvimento de advogado, latifundiários,
empresários, serventuários da Justiça. Os inquéritos em tramitação na Bahia
apontam o envolvimento dos suspeitos em "falsificação de documento
público", "falsidade ideológica", "corrupção passiva"
e "corrupção ativa".
Entre as prisões realizadas no começo da
manhã, quatro foram realizadas em Minas Gerais, uma em São Paulo e outras 10
prisões ocorreram na Bahia, na cidade de Barreiras.
Crimes
De acordo com o delegado Carlos Ferro,
Valério deu como garantia em duas ações de execução, terras que não existem em
São Desidério. Isso teria ocorrido durante o processo do mensalão, segundo o
delegado.
Ferro afirma que a primeira foi uma ação
civil, originária em Brasília, de uma empresa da publicidade, no valor de R$ 2
milhões; a segunda foi de execução por dívida para com a Receita Federal, no
valor de R$ 158 mil, em julho de 2010.
Ainda segundo o delegado, Valério deu
cinco fazendas como garantia, mas a irregularidade foi descoberta após consulta
da Procuradora de Justiça de Minas Gerais sobre a veracidade da documentação e
das terras. Ao investigar, o delegado afirma que descobriu que as propriedades
só existem no papel e, por isso, Valério é também acusado de adquirir terrenos
de forma fraudulenta e de falsidade ideológica.
Denúncia de grilagem
A investigação da Polícia Civil foi
iniciada após uma reportagem
veiculada no Jornal Nacional no dia 1º de julho de 2005. O
repórter José Raimundo visitou junto com um oficial de Justiça duas fazendas
registradas em nome da empresa DNA Propaganda, de Marcos Valério, no município
de São Desidério.
As propriedades estavam penhoradas para
pagamento de uma dívida na Previdencia Social. Juntas, as fazendas tinham sete
mil hectares e, segundo o oficial de Justiça, estavam avaliadas na época (2005)
em R$ 2 milhões. Elas foram adquiridas, em janeiro 2002 por R$ 200 mil.
Segundo as investigações, um dos sócios
de Marcos Valério nas fazendas era Daniel da Silva Freitas, que morreu no mesmo
ano da compra das propriedades. Daniel Freitas era sobrinho do
ex-vice-presidente da República José Alencar.
Defesa critica prisão
De acordo com o advogado Marcelo
Leonardo, que representa Marcos Valério, policiais civis da Bahia também
prenderam três sócios do seu cliente. Os quatros devem ser levados para a Bahia.
O advogado de Marcos Valério afirma não
ter conhecimento do teor da acusação, mas supõe que possa ter ligação com a
compra de uma propriedade no Sul da Bahia, há mais de sete anos. “É suficiente
acreditar que a prisão é ilegal e não tem razão de ser, já que eles são citados
e respondem a vários processos e têm residência fixa”, disse.
Caso do mensalão
O empresário Marcos Valério foi apontado
pelo Ministério Público Federal como operador do esquema do mensalão. Um dos 38
réus no processo que corre no Supremo Tribunal Federal, ele foi acusado dos
crimes de corrupção ativa, peculato (quando servidor público usa a função no
desvio de recursos em benefício dele e de terceiros), lavagem de dinheiro,
formação de quadrilha e evasão de divisas.
Ao apresentar as alegações contra as
acusações do mensalão, Marcos Valério negou ser operador do esquema e disse que
o mensalão foi uma "criação mental".
Informações do G1 e
montagem da redação.
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