Por Josias Gomes, Deputado Federal Licenciado e
Secretário de Estado das Relações Institucionais -, e
Everaldo Anunciação, funcionário da CEPLAC e presidente estadual do PT
Às vésperas de completar 60 anos, o que acontecerá
em 20 de fevereiro de 2017, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
(Ceplac), forte símbolo da cacacuicultura do Brasil, pode estar perto de sofrer
um rude golpe.
Vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), a Ceplac atua em seis estados (Bahia, Espírito Santo,
Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso), por onde se espalha a cultura do cacau
no país.
O golpe vem na forma de possível rebaixamento em seu
status legal, passando da atual condição de órgão da administração direta a uma
simples coordenação, o que fará com que a Ceplac tenha prejuízos significativos
nas partes orçamentária, administrativa e financeira.
Tudo isso, sem qualquer sombra de dúvida, deve
prejudicar enormemente o andamento dos diversos projetos de pesquisa e de
desenvolvimento de novas tecnologias quer caracterizam o trabalho da Comissão.
Não precisa dizer, ainda, o efeito danoso que um
rebaixamento institucional desse porte vai produzir em meio aos técnicos,
agrônomos e funcionários da Ceplac, principalmente em virtude da redução dos
recursos e das condições de trabalho na instituição.
Desde que cheguei à Bahia (no meu caso específico,
Josias) estabeleci, na condição de agrônomo, profunda ligação com o trabalho da
Ceplac. Nós dois, ligados no mesmo trabalho, desde então, sabemos bem da
motivação que guia seus quadros na condução dos trabalhos em favor da
cacauicultura e demais sistemas agroflorestais, não só do Estado, mas, ainda,
do País como um todo.
Em parceria, desde então, nós assistimos e
participamos das angústias e das intervenções técnicas feitas pela Ceplac para
enfrentar a praga da vassoura de bruxa, que quase dizimou a produção de cacau
na Bahia.
A partir da chegada dessa praga no Estado, com
efeitos trágicos na cacauicultura local, foi na Ceplac que agricultores e
produtores em geral buscaram o apoio para enfrentá-la, o que acabou produzindo
resultados cada vez mais estimuladores.
Pesquisas resultaram então na descoberta do primeiro
fungicida biológico para lavouras de cacau, o Tricovab, que, durante 10 anos
foi submetido a testes em campo, com eficácia comprovada tanto em tecido morto
quanto em tecido vivo. Em 2013, o Tricovab acabou virando produto comercial.
Pelo trabalho da Ceplac, não apenas com a utilização
do Tricovab, como pela introdução de clones e manejo adequado do solo, do total
de 473,6 mil hectares de terra, 150 mil haviam sido devidamente recuperados, em
2013. Esses números só avançaram desde então.
Nesses quase 60 anos de existência, portanto,
sobreviveu e avançou a cultura do cacau no país, sob a égide do trabalho
desenvolvido pela gente da Ceplac, gente que, agora, se vê ameaçada pela
minimização da estrutura legal da Ceplac.
O pior é que a ameaça ocorre justamente no momento
que a Ceplac, mais ativamente a partir de 2012, desenvolve plano de
contingência para livrar o Brasil da monília, uma praga devastadora, ainda não
relatada no país, mas já identificada a 150 km do Acre.
Não é possível admitir, creio firmemente nisso, em
tal possibilidade, qual seja, a de ver a Ceplac rebaixada ao nível de uma
simples coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa).
Nesse momento queremos deixar claro o nosso
alinhamento ao lado de todos que, na Ceplac ou fora dela, se dispõem a lutar
para que a instituição mantenha o atual status de órgão da administração
direta, vinculado ao Mapa.
Temos certeza de que a Ceplac necessita de uma
reforma. Mas, de uma reforma que a aperfeiçoe, e, mais do que isso, faça com
que a Comissão cresça em dimensão institucional, e, não, como se quer, diminua.
É nesse propósito que reafirmamos nossa profissão de
fé com relação a Ceplac, uma entidade que tem marcado não apenas a história da
cacuicultura, mas, por extensão, a própria história da agricultura brasileira.
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