quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Produção de dendê da agricultura familiar baiana é destaque nacional

A Bahia é o segundo maior produtor de dendê do Brasil, com uma produção anual de 204.986 toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse fruto da agricultura familiar é originário da África e chegou ao estado durante o período colonial, adaptando-se rapidamente ao litoral baiano, que tem condições climáticas adequadas para o desenvolvimento dessa cadeia produtiva. 

 A produção de dendê na baiana contribui para o desempenho do país no cenário internacional. O Brasil é, atualmente, o terceiro produtor de azeite de dendê ou óleo de palma da América Latina, sendo a Colômbia, em primeiro e o Equador, em segundo lugar.
 Maria Helena Conceição, que trabalha a mais de trinta anos no Centro Comercial de Valença, no Território Costa do Dendê, destaca que “do dendê eu tiro meu pão de cada dia e garanto o sustento da minha família e ajudo minha filha no curso de enfermagem”, explica a feirante.
Floriano Nascimento, membro da Associação das Cascalheiras do Jequiriçá, de Valença, comenta que o cultivo do dendê tem sido rentável. “Pelas minhas anotações em 2015 conseguimos colher 22 toneladas de dendê e este ano já foram mais de 30 toneladas. Isso graças ao trabalho de assistência técnica e extensão rural (Ater), oferecido pela Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater). Isso ajudou a gente a organizar o trabalho, porque antes tudo era feito sem controle”, conta o agricultor familiar.
“O dendê tem um ciclo produtivo sustentável onde tudo se aproveita, da tala da planta, que se confecciona artesanato e biojóias, até o resíduo, o que amplia a possibilidade de geração de renda ao agricultor familiar”, afirma Ana Cristina dos Santos, engenheira agrônoma, da Bahiater, superintendência vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
Utilizações
Do dendezeiro são extraídos dois tipos de óleos: o azeite de dendê, também conhecido como óleo de palma (extraído da polpa ou mesocarpo) e o óleo de palmiste (extraído da amêndoa ou endosperma), utilizado principalmente na fabricação de cosméticos. Da dendeicultura também é possível extrair carvão ativado, utilizado em siderúrgicas e, da queima do carvão, surge a fumaça líquida, que pode defumar alimentos. Outra possibilidade é a utilização do resíduo do azeite, aproveitado para fazer sabão, além da fibra, que pode ser utilizada para a produção de bucha e para adubação orgânica ou até para a geração de energia.
 Segundo a Ana Cristina, o cultivo do dendê é considerado uma cultura com forte apelo ecológico, por apresentar baixos níveis de agressão ambiental e adaptar-se a solos pobres, protegendo-o contra a lixiviação – força da água de chuva que provoca a erosão. “É válido ressaltar que a dendeicultura tem ainda a capacidade de ajudar na restauração do balanço hídrico e climatológico, contribuindo de forma expressiva na ‘reciclagem e sequestro de carbono’ e na liberação de oxigênio, combatendo a elevação excessiva das temperaturas médias do Planeta”, explica.
 Região produtora
O Território Baixo Sul, conhecido como a Costa do Dendê, formados pelos municípios de Valença, Aratuípe, Igrapiúna, Cairu, Camamu, Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá e Maraú, é a região do estado em que os agricultores familiares têm como foco a produção desse fruto, aproveitado ainda como fonte energética alternativa para o biodiesel, pelo seu alto potencial de produção.
 Cláudia Silva, coordenadora de ATER da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol/Brasil), acompanha, por meio da chamada pública de sustentabilidade da Bahiater, uma atividade realizada com 720 famílias de agricultores familiares,  divididas entre os municípios de Valença, Taperoá e Jaguaripe, que trabalham com a cadeia produtiva do dendê,
“Até 2019 estamos com um trabalho de Ater para acompanhar, orientar e organizar a produção e a forma de comercialização mais justa. Nós fazemos também um alinhamento institucional entre o Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (SETAF/Bahiater) e os agricultores. Toda essa articulação tem como objetivo fortalecer o trabalho no campo e dar o empoderamento ao agricultor, para que eles andem com as próprias pernas”, disse Cláudia Silva.
Benefícios
O azeite de dendê ou óleo de palma previne o envelhecimento da pele e o ressecamento da córnea. Reduz os níveis do colesterol LDL, e aumenta o HDL. O óleo de palma é a maior fonte vegetal de carotenos em termos equivalente de retinol (pró-vitamina A) combate da deficiência de vitamina A (hipovitaminose A).




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