Se depender da população de
Serrinha, a famosa procissão do Fogaréu, que acontece desde a década de
1930 no período da Semana Santa, deve se tornar Patrimônio Imaterial da Bahia.
Neste ano (2012) a semana ocorre, conforme a Igreja Católica, entre 1º e 8 de
abril.
Este é um dos assuntos que
estão sendo discutidos hoje (terça, dia 3), de 19 às 22h, no Seminário de
Turismo Religioso, na cidade. O evento tem participação de pesquisadores,
professores, turismólogos, estudantes universitários e representantes da
Secretaria do Turismo da Bahia (Setur).
A iniciativa é da Expo
Eventos que criou o Projeto Passos da Paixão com o objetivo de incentivar e
estruturar a manifestação para beneficiar o desenvolvimento regional. O evento
tem apoio da Setur, Prefeitura Municipal de Serrinha, Câmara Municipal,
Conselho Municipal de Cultura e Filarmônica 30 de Junho.
Todos os anos, essa
manifestação cultural-religiosa reúne centenas de fiéis que se unem em
penitência, acendem tochas e velas para a procissão na cidade que tem suas
luzes apagadas. A multidão sobe durante a noite o Monte de Nossa Senhora de
Santana, a maior altitude da cidade. O ato simboliza o acompanhamento a Cristo
ao Jardim das Oliveiras, onde ele se entregou para o sacrifício.
Como a cidade fica às
escuras, o impacto visual de ruas, ladeiras e montes cobertos de ‘caminhos de
luz’ – formados por pessoas que seguram velas e tochas – fazem do evento um
fenômeno único que atrai multidões de várias regiões do Brasil, além de mídias
impressas e televisivas para a cobertura completa.
“Gostaríamos que o
‘Fogaréu’ se tornasse oficialmente um bem imaterial do Estado; isso traria
reconhecimento para esse importante ato histórico-cultural da região,
potencializaria o acontecimento como turismo religioso e aumentaria a
auto-estima da cidade e do povo, salvaguardando a tradição”, defende o prefeito
de Serrinha, Osni Cardoso.
De acordo com o prefeito, a
manifestação do ‘fogaréu’ ocorre sempre na quinta-feira da Semana Santa.
“Acontecem três procissões que sobem os morros da Bela Vista, do Guarani e
colina da Senhora Santana, onde tem o fogaréu, quando se reúnem cerca de 30 mil
pessoas durante as subidas”, explica Cardoso.
“Participam do Fogaréu,
moradores de Serrinha, turistas da região do Sisal e região metropolitana, além
de outros estados”, lembra Osni Cardoso. Além do registro como Patrimônio
Imaterial a prefeitura faz contato com o governo estadual, via secretaria de
Desenvolvimento Urbano, para melhorias na malha urbana da cidade, e com a Setur
para apoio logístico na apresentação da Paixão.
IMATERIAL – Na Bahia, quaisquer dos entes federativos, sejam Municípios, Estado
ou União, podem decretar uma manifestação cultural como Bem Intangível,
bastando para isso terem leis específicas. Dentre as manifestações que já são
reconhecidas como Patrimônios Imateriais baianos, estão Festa de Santa Bárbara,
Cortejo 2 de Julho e Desfile dos Afoxés, todos em Salvador. No interior,
somente a Festa da Boa Morte, em Cachoeira, e o Carnaval de Maragojipe, na
cidade de mesmo nome, são registrados pelo Estado.
A Lei estadual nº
8895/2003 (Artigo 40, I) determina que um processo de registro de uma
manifestação cultural como Patrimônio Imaterial pode ser aberto “por ato do
Governador do Estado, do secretário da Cultura, do diretor Geral do Instituto
do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) ou de qualquer membro do
Conselho Estadual de Cultura (CEC)”. O pedido deve vir, obrigatoriamente, de
secretarias municipais ou sociedades civis regulares e devidamente registradas.
Mais informações sobre o
Seminário de Turismo Religioso em Serrinha são disponibilizadas através do
telefone (71) 8833-6383, com a coordenadora do seminário Eloisa Caldeira, ou
via endereço eletrônico eloisacmq@hotmail.com. Procedimentos sobre tombamentos
e registros estaduais procurar a Gerência de Patrimônio Imaterial do IPAC,
através do telefone (71) 3116-6741 e endereço eletrônico
geima.ipac@ipac.ba.gov.br.
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